Os "Anões do Orçamento"
foram descobertos em outubro de 1993, a partir das denúncias do
economista José
Carlos Alves dos Santos, integrante da quadrilha e chefe da assessoria
técnica da Comissão do Orçamento do Congresso.
As revelações levaram à
realização de uma CPI no Congresso
Nacional que durante três meses
esmiuçou o esquema de propinas montado por deputados que atuavam na comissão.
Foram 18 acusados. Seis foram cassados, oito absolvidos e quatro preferiram
renunciar para fugir da punição e da inelegibilidade.
O rastreamento das contas
bancárias acabou derrubando o presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro (PMDB), o líder do PMDB, deputado Genebaldo
Corrêa (BA) e o deputado
baiano João Alves de
Almeida(falecido em 2004), suposto chefe do esquema.
Alves lavava o dinheiro comprando cartões de loteria premiados.
Havia dois esquemas fraudulentos. No primeiro,
parlamentares faziam emendas remetendo dinheiro para entidades filantrópicas
ligadas a parentes e laranjas. Mas o principal eram os acertos com grandes
empreiteiras para a inclusão de verbas orçamentárias para grandes obras, em
troca de polpudas comissões.
O ex-chefe da Assessoria
de Orçamento do Senado, José Carlos Alves dos Santos, ao denunciar as
irregularidades, fez desmontar o esquema. Mas ele próprio foi preso e acusado de
assassinar a esposa, Ana Elizabeth Lofrano, que ameaçava denunciar os podres da
máfia. Na casa dele foi achada uma mala com mais de US$ 600 mil.
A situação de José Carlos
se complicou com a prisão de dois cúmplices, que mostraram o local onde
enterraram o corpo de Ana Elizabeth, após a terem matado a golpes de pedra e
picareta em novembro de 1992, na presença do marido. O
assessor foi condenado a 20 anos de prisão. Em sua defesa, acusou os
ex-deputados João Alves e Ricardo
Fiúza como os verdadeiros mandantes
do assassinato de sua mulher.
Na cadeia, José Carlos
tentou o suicídio, mas foi salvo. Quase dez anos depois, já em liberdade
condicional, amarga uma vida solitária e sem atrativos. Não frequenta mais as
altas rodas a que estava acostumado e teve a aposentadoria cortada pelo Senado.
Mas, ao contrário do que ocorre com a CPI do PC, onde os personagens revelaram
os bastidores dos crimes financeiros, muitos segredos dos "Anões do Orçamento"
continuam guardados. José Carlos até hoje se nega a falar sobre o
assunto.
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